terça-feira, 28 de setembro de 2010

O que o corpo feminino tem para contar

Radmila Jovanic, ginecologista há vinte anos a trabalhar em Portugal, discursou na Conferência Sexualidade Feminina sobre como interpretar o corpo feminino e o que ele tem para contar

Segundo a ginecologista Radmila, cada parte do nosso corpo espelha uma inquietação ou um problema mal resolvido, através de uma doença “algo que escondi ou que não resolvi por várias razões”. A médica defende que da psi o conflito ou o luto poderão chegar ao físico, dando exemplos específicos: “os problemas vaginais são desequilíbrios entre o casal. No caso dos ovários, estes remetem para o passado, heranças. A vulva reflecte conflitos de separação ou união, mesmo uma comichão ou uma inflamação pode exprimir problemas de separação."

A especialista afirma que isto acontece porque “somos parciais no que pode ser vivido e na parte que pode ser expressa.” De acordo com Radmila, a vagina pode exprimir a incerteza de se a mulher encontrou o homem certo.

Por vezes a vagina pode exprimir igualmente a atitude no trabalho. O colo do útero é a chave de reconhecimento se é o homem certo e exprime igualmente a falta do parceiro sexual certo. Continuando o seu fio condutor, Radmila associa à trompa a transformação do padrão familiar e aos ovários a conflitos de perda, “os ovários reagem com formações de quistos quando a mulher sofre uma perda, morte, ou não chorou o suficiente”.

A segunda parte da sua apresentação focou-se no parceiro masculino, “quem é o parceiro certo? É mais importante o que vemos naquela pessoa”, conclui. “Pela minha história ele tem o potencial para ser pai do meu filho”, se vê nele características do pai ou de uma figura paterna. Outra questão levantada pela médica é a segurança, protecção que a mulher procura no parceiro: “quem tem o território identificado e seguro?”

Deste modo, Radmila defende que o bem-estar dos órgãos está directamente relacionado com a vivência e bem-estar do casal. Assim, define como essencial: a partilha e o respeito do espaço, “a vagina determina e dá autonomia para o homem entrar na vida da mulher”.

Também Radmila trouxe o ying e o yang para a discussão, quando mencionou a espiral da vida e o que por nós é construído e herdado. Realçando o nosso poder de transformar o herdado. “Apenas no presente transformamos a realidade herdada, transmitindo em melhores condições”.

Radmila termina a pedir que essas transformações sejam no sentido da pessoa ganhar mais confiança, respeito, gratidão, amizade, amor e fé, "criando paz no mundo".



Ana Sofia Santos